Torda-mergulheira
Ficha Técnica

Espécie Marinha
Alcidae
Alca torda
Razorbill
Fenologia no ContinenteInvernante e migrador de passagem
Fenologia na MadeiraAcidental
Fenologia nos AçoresAcidental
Frequência de ocorrência
Continente
Madeira
Açores
Mapa de Distribuição
Apresentação
Distribuição, movimentos e fenologia
A torda-mergulheira nidifica exclusivamente no Atlântico Norte, tanto na costa norte-americana e na Gronelândia, como na costa europeia, desde a Rússia até ao norte de França, passando pela Islândia[3]. Esta espécie passa o inverno ao longo da faixa ocidental europeia (ocorrendo também em parte da costa leste americana), do noroeste africano e no Mediterrâneo Ocidental[3]. Em Portugal, ocorre como migradora de passagem e como invernante ao longo de toda a costa continental. A migração pós-nupcial começa a fazer-se notar em outubro, mas só atinge a sua maior expressão em novembro e dezembro. A migração pré-nupcial é visível a partir de janeiro, prolongando-se até finais de março, ou mesmo abril. Durante os meses de primavera, a espécie parece frequentar sobretudo a metade norte da costa, possivelmente devido a concentrações pré-nupciais de alguns indivíduos. Pode dar-se ainda o caso de ocorrerem alguns migradores tardios ou de aves imaturas ali permanecerem por mais algum tempo e assim serem registadas boas concentrações em zonas a norte do cabo Carvoeiro. A espécie é acidental nos territórios insulares.
Abundância e evolução populacional
A torda-mergulheira é o alcídeo mais facilmente observável em águas portuguesas. É entre meados de novembro e meados de dezembro que contagens efetuadas em promontórios do nosso litoral atingem números mais elevados, podendo envolver algumas centenas de aves por hora[8][6]. No período de recolha de dados deste atlas, conhecem-se apenas dois registos da espécie para o arquipélago dos Açores, ambos de indivíduos isolados[12].
Ecologia e habitat
A torda-mergulheira frequenta sobretudo águas pouco profundas, encontrando-se confinada à plataforma continental tanto de verão como de inverno[5]. Em Portugal, é frequente encontrar indivíduos isolados ou em pequenos grupos, refugiados em portos de pesca, marinas ou no interior de barras. É uma excelente mergulhadora, podendo atingir várias dezenas de metros de profundidade. Alimenta-se principalmente de pequenos peixes pelágicos, nomeadamente de sardinhas, biqueirões e galeotas[11][2]. Esta espécie reproduz-se colonialmente em falésias íngremes ou em ilhéus rochosos.
Ameaças e conservação
A espécie apresenta uma população europeia significativa, aparentando alguma estabilidade, ou mesmo um crescimento[13]. Em Portugal, inspeções costeiras sistemáticas[10][4][1] indicam a torda-mergulheira como a espécie com maior número de indivíduos arrojados. A maioria destes casos ocorreu na zona de Peniche, da Nazaré e da Figueira da Foz, sendo o afogamento por captura acidental em redes de emalhar apontado como a principal causa de morte destes indivíduos. Outra ameaça relevante para a espécie em águas nacionais é a contaminação associada a derrames de hidrocarbonetos[9]. As prioridades para a sua conservação incluem a implementação de medidas de minimização de capturas acidentais em artes de pesca.
Galeria
Referências
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Barros N, Henriques A, Oliveira N, Miodonski J, Andrade J, Eira C, Ferreira M, Vingada J, Rosa T & Vaqueiro J (2013). Monitorização de aves arrojadas na costa Portuguesa 2011/12 – Projeto FAME. Relatório não publicado. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Universidade do Minho/Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem, Lisboa
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Beja R (1989). A note on the diet of Razorbills Alca torda wintering off Portugal. Seabird 12: 11-13
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del Hoyo J, Elliot A & Sargatal J (eds.) (1996). Handbook of the birds of the world. Vol. 3. Lynx Edicions, Barcelona
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Granadeiro JP, Silva MS, Fernandes C & Reis A (1997). Beached bird surveys in Portugal 1990-1996. Ardeola 44: 9-17
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Huettman F, Diamond AW, Dalzell B & Macintosh K (2005). Winter distribution, ecology and movements of razorbills Alca torda and other auks in the outer Bay of Fundy, eastern Canada. Marine Ornithology 33: 161-171
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Observações publicadas em Noticiários Ornitológicos, ver Publicação – pág. 207
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Relatórios do Comité Português de Raridades, ver Publicação – pág. 207
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Sengo R, Oliveira N, Andrade J, Barros N & Ramírez I (2012). Três anos de RAM em Portugal Continental (2009 - 2011). Relatório não publicado. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa
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SEO/BirdLife (2003). The disaster of Prestige oil tanker and its impacts on seabirds. Third report, Jan-Feb 2003. Relatório não publicado. SEO
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Teixeira AM (1986a). Inspecções costeiras para detecção de aves marinhas mortas, 1984-85. Cyanopica III (4): 635-651
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Teixeira AM (1986b). Razorbill losses in Portuguese nets. Seabird 9: 11-14
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Birding Azores (2014). Birding Azores database.
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BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds.