Rola-do-mar

Rola-do-mar

Espécie Limícola

Scolopacidae

Arenaria interpres

Ruddy Turnstone

Fenologia no ContinenteMigrador de passagem e invernante

Fenologia na MadeiraMigrador de passagem e invernante

Fenologia nos AçoresMigrador de passagem e invernante

Distribuição, movimentos e fenologia

Esta é uma espécie com uma distribuição ampla no Ártico e em zonas subárticas. As áreas de invernada ao longo do Atlântico Oriental estendem-se desde o norte da Europa à África do Sul[3]. Em Portugal passam e possivelmente invernam quer aves oriundas do norte da Europa e da Sibéria, quer outras provenientes das zonas de reprodução da Gronelândia e do Ártico canadiano[1]. Fora da época reprodutora, a rola-do-mar distribui-se ao longo de toda a costa marinha nacional, encontrando-se ausente somente de setores de extensas praias arenosas desprovidas de zonas rochosas no intermareal. Esta limícola também frequenta estuários e zonas lagunares costeiras, e tem na Ria Formosa um dos seus principais núcleos de ocorrência em Portugal. Não hesita em cruzar setores de oceano aberto para ir invernar em ilhas e arquipélagos remotos, pelo que não surpreende que esteja regularmente presente nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, incluindo as ilhas Selvagens. As rolas-do-mar tornam-se abundantes a partir de agosto, quando começam a passar migradores em direção a África, e continuam a ser numerosas desde o final do verão até meio da primavera. Em finais de abril e início de maio por vezes regista-se um pico de abundância, possivelmente relacionado com a passagem de aves que invernam mais a sul[1]. Devido à permanência de indivíduos não reprodutores em Portugal durante a época de nidificação, podem aqui observar-se rolas-do-mar em qualquer época de ano.

Abundância e evolução populacional

A população invernante nas zonas estuarinas e lagunares costeiras (lagoas costeiras e “rias”) tem rondado o milhar de indivíduos[1] ao passo que o censo nacional do Projeto Arenaria[6] realizado em 2009-2011 revelou a presença de aproximadamente 2300 indivíduos na costa marinha continental[4]. Nos arquipélagos dos Açores e da Madeira inverna um contingente substancial, mas que está por contabilizar. Não existem informações claras sobre a evolução populacional desta espécie em Portugal.

Ecologia e habitat

Na costa marinha, a rola-do-mar mostra uma forte preferência por setores rochosos, com um intermareal largo, e apresenta uma menor abundância em áreas muito perturbadas por pessoas e cães nas praias, bem como naquelas mais frequentadas por falcões-peregrinos[5]. Nos setores estuarinos e “rias”, esta espécie está associada a sedimentos mais grosseiros, como areia, ostreiras ou locais com rochas. Ocasionalmente a espécie é observada em arrozais, mas de uma forma geral está ausente das zonas húmidas mais afastadas da linha de costa. Alimenta-se sobretudo de pequenos invertebrados[2], não existindo informação sobre a sua dieta em Portugal.

Ameaças e conservação

A população invernante na Europa poderá ter conhecido algum declínio nas décadas mais recentes[3], mas as causas são desconhecidas. Em Portugal não são conhecidas ameaças significativas, embora a perturbação em locais de alimentação e de repouso possa eventualmente ter algum impacto negativo na população invernante.

  • Rola-do-mar | Autor: José Pedro Granadeiro
  • Rola-do-mar | Autor: Andrew C.

Referências

  1. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  2. Cramp S & Simmons KEL (eds.) (1983). The birds of Western Palearctic, Vol. III. Oxford University Press, Oxford, New York

  3. Delany S, Dodman T, Stroud D & Scott D (2009). An atlas of wader population in Africa and western Eurasia. Wetlands International, Wageningen

  4. Lecoq M, Lourenço PM, Catry P, Andrade J & Granadeiro JP (2013). Wintering waders on the Portuguese mainland non-estuarine coast: results of the 2009-2011 survey. Wader Study Group Bull. 120: 66-70

  5. Lourenço PM, Catry P, Lecoq M, Ramírez I & Granadeiro JP (2013). The roles of disturbance, geology and other environmental factors in determining abundance and diversity in coastal avian communities during winter. Marine Ecology Progress Series 479: 223-234

  6. Projeto Arenaria (2014). Monitorização da distribuição e abundância de aves nas praias e costas de Portugal