Pintainho
Ficha Técnica
Espécie Marinha
Procellariidae
Puffinus lherminieri
Audubon's Shearwater
Fenologia no ContinenteMigrador de passagem
Fenologia na MadeiraResidente
Fenologia nos AçoresResidente
Frequência de ocorrência
Continente
Madeira
Açores
Mapa de Distribuição
Apresentação
Distribuição, movimentos e fenologia
Esta espécie encontra-se localmente nas águas tropicais e temperadas do Atlântico Norte, reproduzindo-se em diversos arquipélagos europeus e americanos. Em Portugal, reproduz-se em todas as ilhas e na maioria dos ilhéus dos arquipélagos dos Açores[3] e da Madeira[8][12]. Nos Açores, as posturas geralmente iniciam-se em meados de janeiro, com os últimos juvenis a saírem do ninho no início de junho[6]. Ao contrário da maioria das espécies de Procellariiformes, o pintainho não realiza migrações de grande escala[8]. Pelo menos parte da população permanece próximo das suas colónias de nidificação durante a época não reprodutora, podendo visitá-las durante este período[2]. Em virtude do seu comportamento mais sedentário e da ausência de colónias de reprodução no Continente, a ocorrência do pintainho nesta região deverá estar relacionada com a expansão significativa da sua área de alimentação no período pós-reprodutor[8] e com a ocorrência de movimentos dispersivos[1]. Ainda que em números escassos, frequenta tanto áreas costeiras como oceânicas na primavera, no verão e no outono. A espécie parece ocorrer em toda a ZEE, embora com densidades mais elevadas em redor da Madeira.
Abundância e evolução populacional
Não existe informação disponível sobre o estado atual das populações nidificantes. Contagens realizadas entre 1996 e 2004 confirmaram a existência de 28 pequenas colónias (tendo sido identificados outros 40 locais onde a espécie poderá também nidificar) distribuídas pelos três grupos de ilhas dos Açores, estimando-se a população em 895 a 1741 casais[7][3]. No arquipélago da Madeira, o pintainho é mais abundante: nas ilhas Selvagens, o efetivo reprodutor foi estimado em 2050 a 4900 casais em 1994[9][4]; nas restantes ilhas do arquipélago, ocorre em números aparentemente mais reduzidos, nidificando na Madeira, no Porto Santo e nas Desertas. Dados recentes sugerem um decréscimo acentuado da população na Selvagem Grande.
Ecologia e habitat
O pintainho é uma ave pelágica raramente observável a partir de terra[1]. Alimenta-se em águas profundas durante os períodos noturno e diurno. Procura as suas presas mergulhando com regularidade nos primeiros 15 metros da coluna de água[8]. A sua dieta é essencialmente à base de pequenos cefalópodes, peixes e outros organismos pelágicos[5][8]. Nidifica em ilhas e ilhéus, em cavidades no solo e nas rochas, localizadas em falésias costeiras geralmente inacessíveis.
Ameaças e conservação
Os principais fatores de ameaça e de mortalidade em terra resultam da predação exercida por mamíferos introduzidos, da ocupação da área costeira com urbanizações, da ocorrência regular de predadores indígenas, tais como a gaivota-de-patas-amarelas[6], da poluição luminosa[11] e da competição interespecífica por cavidades de nidificação. Nos Açores, foram definidas linhas de investigação prioritárias para a conservação desta espécie[10].
Galeria
Referências
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Oliveira P & Moniz P (1995). Population size, breeding chronology, annual cycle and effects of inter-specific competition on the reproductive success of little shearwater Puffinus assimilis baroli in Selvagem. p.35 In Tasker ML (ed.) Threats to seabirds: Proceedings of the 5th International Seabird Group conference. Seabird Group, Sandy
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Equipa Atlas (2013). Atlas das Aves do Arquipélago da Madeira.