Painho-de-monteiro
Ficha Técnica

Espécie Marinha
Hydrobatidae
Hydrobates monteiroi
Monteiro's Storm-petrel
Fenologia no ContinenteAusente
Fenologia na MadeiraAusente
Fenologia nos AçoresResidente
Frequência de ocorrência
Continente
Madeira
Açores
Mapa de Distribuição
Apresentação
Distribuição, movimentos e fenologia
O painho-de-monteiro é uma espécie endémica do arquipélago dos Açores, recentemente separada do roque-de-castro[2]. A sua nidificação está comprovada apenas para os ilhéus da Praia e de Baixo, localizados junto à ilha da Graciosa[4]. Existem, no entanto, suspeitas de nidificação nas ilhas do Corvo, das Flores e da Graciosa, bem como em alguns ilhéus adjacentes. A sua época de nidificação tem início em março-abril e termina em setembro-outubro[4]. A dificuldade na distinção destas duas espécies em voo leva-nos a assumir que os mapas produzidos para o roque-de-castro possam incluir alguns registos do painho-de-monteiro (ver o texto do roque-de-castro para informação detalhada). Os resultados de análises aos isótopos estáveis das penas sugerem que os indivíduos não alteram o tipo de massa de água que utilizam para alimentação entre o inverno e o verão[2]. Esta evidência, aliada ao facto de ter sido encontrado um indivíduo desta espécie no ilhéu da Vila, fora da época de reprodução, sugere que estes painhos se possam manter na vizinhança das áreas de nidificação ao longo de todo o ano.
Abundância e evolução populacional
A população do painho-de-monteiro foi estimada em 250 a 300 casais reprodutores em 1999, confinados aos dois pequenos ilhéus da ilha da Graciosa[2]. O tamanho da população poderá estar subestimado, suspeitando-se da existência de colónias em outras ilhas, nomeadamente nas do grupo ocidental. A população desta espécie aparenta encontrar-se estável, embora não exista informação atualizada quanto à sua evolução.
Ecologia e habitat
O painho-de-monteiro é uma ave pelágica que geralmente se alimenta de presas pertencentes a um nível trófico superior às do roque-de-castro durante o período não reprodutor (Bolton et al. 2008). A sua dieta é composta por crustáceos planctónicos, pequenos peixes e cefalópodes, consumindo presas mesopelágicas em menor número que o roque-de-castro[5]. Nidifica em pequenas cavidades ou em fendas nas rochas, localizadas em ilhéus com pouca perturbação. Uma parte significativa da população nidifica em cavidades artificiais construídas no ilhéu da Praia em 2000 e 2001[3].
Ameaças e conservação
A introdução de predadores exóticos (principalmente mustelídeos, gatos e ratos) nos ilhéus onde esta espécie cria, constitui potencialmente a principal ameaça, devido à grande proximidade da ilha da Graciosa e à visitação desregulada aos ilhéus da Praia e de Baixo. A elevada taxa de predação pelo bufo-pequeno Asio otus, espécie nativa nos Açores, e a competição com outras espécies de aves marinhas de maior porte pelas cavidades de nidificação[6][2], são outras ameaças a ter em conta. A instalação de ninhos artificiais tem vindo a contribuir para aumentar o sucesso reprodutor desta espécie[1][2][3]. Ambos os ilhéus estão legalmente protegidos através de legislação europeia como Zona de Proteção Especial, ao abrigo da Diretiva Aves.
Galeria
Referências
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Bolton M, Medeiros R, Hothersall B & Campos A (2004). The use of artificial breeding chambers as a conservation measure for cavity-nesting procellariiform seabirds: a case study of the Madeiran Storm Petrel (Oceanodroma castro). Biological Conservation 116: 73–80
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Bolton M, Smith AL, Gómez-Díaz E, Friesen VL , Medeiros R, Bried J, Roscales JL & Furness RW (2008). Monteiro’s Storm Petrel Oceanodroma monteiroi: a new species from the Azores. Ibis 150(4): 717-727
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Bried J, Magalhães MC, Bolton M, Neves VC, Bell E, Pereira JC, Aguiar L, Monteiro LR & Santos RS (2009a). Seabird habitat restoration on Praia Islet, Azores archipelago. Ecological Restoration, 27(1): 27-36
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Monteiro LR & Furness RW (1998). Speciation through temporal segregation of Madeiran storm petrel (Oceanodroma castro) populations in the Azores? Philosophical Transactions of the Royal Society of London B 353: 945-953
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Monteiro LR , Granadeiro JP & Furness RW (1998). Relationship between mercury levels and diet in Azores seabirds. Marine Ecology Progress Series 166: 259-265
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Ramos JA, Monteiro LR , Sola E & Moniz Z (1997). Characteristics and competition for nest cavities in burrowing Procelariiformes. The Condor 99: 634-641.