Negrola

Negrola

Espécie Marinha

Anatidae

Melanitta nigra

Common Scoter

Fenologia no ContinenteInvernante e migrador de passagem

Fenologia na MadeiraAcidental

Fenologia nos AçoresAcidental

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

A negrola reproduz-se no norte da Escócia e da Irlanda, no leste da Gronelândia, na Islândia, na Escandinávia e na Rússia[8]. Em Portugal Continental, ocorre principalmente durante o inverno e nos períodos migratórios. No inverno é mais frequente a norte do cabo Mondego, observando-se ainda no Sotavento algarvio[2]. Durante a migração também é regular de passagem na zona da barra do Tejo e frente ao cabo de São Vicente[2]. A migração pré-nupcial decorre principalmente de Março a abril, enquanto a migração pós-nupcial faz-se notar pelo menos desde agosto até Outubro[2]. Nos Açores e na Madeira é acidental[6]. No primeiro arquipélago, poderá ocorrer nas águas costeiras da maior parte das ilhas, observando-se no outono e no inverno[9].

Abundância e evolução populacional

Este pato é uma ave marinha localmente abundante na nossa costa. Observa-se por vezes em grande número, desde dezenas a muitas centenas de indivíduos, na zona de Aveiro[7][5], sendo no entanto mais escasso na metade sul do país[2]. Outrora parece ter sido muito mais abundante, existindo contagens de mais de 18 000 indivíduos, no final dos anos 1960, efetuadas na metade norte da costa continental[2]. A tendência das populações europeias não é ainda clara, suspeitando-se de que a espécie possa estar em declínio moderado ou tenha alterado os padrões de distribuição espacial, sendo contudo necessários mais dados para averiguar o seu estatuto[8].

Ecologia e habitat

A negrola é dos poucos patos marinhos que ocorre regularmente em Portugal, frequentando geralmente águas costeiras pouco profundas com fundos arenosos, mantendo-se nas proximidades da costa. Durante a migração pré-nupcial a espécie parece utilizar uma área mais ampla da faixa costeira. O seu habitat durante o inverno contrasta com o da época reprodutora, quando utiliza lagos de água doce e rios na zona da floresta boreal para nidificar. Alimenta-se principalmente de moluscos, que captura mergulhando geralmente até aos 10 a 20 metros de profundidade[3].

Ameaças e conservação

Algumas populações da negrola têm vindo a diminuir, possivelmente devido à contração do seu habitat de nidificação e aos impactos causados por marés negras[4]. A espécie parece ser também vulnerável à circulação de embarcações rápidas, a parques eólicos no mar e à exploração comercial de bivalves[8]. Um aparente declínio notado nas últimas décadas no nosso país (infelizmente existem poucos dados que permitam aferir essa tendência com rigor), levou a que a população invernante fosse considerada como Em Perigo, sendo a sobreexploração de bivalves considerada a sua principal ameaça[1]. Contudo, não existem dados concretos sobre a dieta da negrola em Portugal[2] nem sobre a abundância das espécies-presa, pelo que seria importante averiguar com mais rigor o impacto da pesca de bivalves sobre a espécie.

  • Negrola | Autor: Jason Thompson
  • Negrola | Autor: Andy Hay

Referências

  1. Cabral MJ (coord.), Almeida J, Almeida PR, Dellinger T, Ferrand de Almeida N, Oliveira ME, Palmeirim JM, Queiroz AI, L Rogado L & Santos-Reis M (eds.) (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa

  2. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  3. Cramp S & Simmons KEL (eds.) (1977). The birds of the Western Palearctic, Vol.I. Oxford University Press, Oxford, New York

  4. del Hoyo J, Elliott A & Sargatal J (eds.) (1992). Handbook of the birds of the world. Vol. 1. Lynx Edicions, Barcelona, Spain

  5. Petronilho JM, Vingada JV, Ferreira M, Paulino NAC, Eira C, Costa RA & Tenreiro PJQ (2004). Seabird census along the Figueira da Foz-Aveiro coastline (Portugal) during August/September 2002. Airo 14:94-100

  6. Relatórios do Comité Português de Raridades, ver Publicação – pág. 207

  7. Rufino R & Neves R (1990). Invernada de pato-negro Melanitta nigra na costa de Aveiro: Janeiro de 1990. Airo 2: 1-2

  8. BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds.

  9. Birding Azores (2014). Birding Azores database.