Garajau-do-árctico

Garajau-do-árctico

Espécie Marinha

Laridae

Sterna paradisaea

Arctic Tern

Fenologia no ContinenteMigrador de passagem

Fenologia na MadeiraMigrador de passagem

Fenologia nos AçoresMigrador de passagem

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

O garajau-do-árctico é tido como a espécie que efetua a mais longa migração entre as aves. Durante a época de reprodução tem uma distribuição circum-ártica, após a qual migra para águas subantárticas e antárticas[1]. Em Portugal, a espécie ocorre exclusivamente como migrador de passagem ao longo de toda a ZEE. Durante a migração pré-nupcial, passa nas nossas águas entre março e maio, e na migração pós-nupcial principalmente a partir de meados de agosto até meados de outubro, sendo mais abundante em Setembro[6][2]. O garajau-do-árctico é, fora da época reprodutora, uma espécie de hábitos marcadamente pelágicos, com registos regulares mas em número reduzido em todo o território, aparentando ser mais abundante durante o período pós-nupcial[2].

Abundância e evolução populacional

Trata-se de um migrador de passagem dificilmente identificável e, como tal, não existe muita informação disponível relativamente à sua distribuição e abundância nas águas portuguesas. É geralmente observado isoladamente ou em bandos com poucos indivíduos. No Continente, as contagens elevadas desta espécie, efetuadas a partir de terra, estão associadas a tempestades no mar e a passagens de frentes frias com ventos fortes do quadrante oeste[6]. Nos arquipélagos dos Açores e da Madeira existem relativamente poucos registos deste garajau. Todavia, é provável que a espécie seja comum durante a migração, o que é indicado pelo seguimento de aves com geolocalizadores [3][4]. De facto, embora não existam quaisquer registos homologados pelo CPR para o arquipélago da Madeira desde 2004, observações a partir de terra sugerem que a espécie poderá ser um migrador de passagem regular[7].

Ecologia e habitat

A espécie cria em ambientes marinhos (por exemplo em ilhas), mas também afastada da costa (em lagos e outras zonas húmidas), nas regiões árticas e no norte das regiões temperadas[1]. Em Portugal ocorre ao longo da ZEE, em ambiente essencialmente pelágico, raramente à vista de terra. A sua dieta consiste em pequenos peixes, crustáceos (especialmente planctónicos), moluscos e insetos.

Ameaças e conservação

As ameaças potenciais a este garajau estão provavelmente relacionadas com as alterações climáticas nas zonas de nidificação nos ecossistemas árticos, que poderão levar à diminuição da disponibilidade alimentar[5]. Localmente, como sucedeu nas ilhas Shetland, as populações desta espécie podem ser afetadas pelo colapso dos stocks das suas presas principais (e.g. galeotas), o que pode causar insucesso reprodutor, tal como registado naquele arquipélago em vários anos consecutivos[1]. Para Portugal não estão identificadas ameaças.

Referências

  1. del Hoyo J, Elliott A, & Sargatal J, (Eds). 1996. Handbook of the birds of the world. Volume 3. Hoatzin to Auks. Lynx Editions. Barcelona.

  2. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  3. Egevang C, Stenhouse IJ, Phillips RA, Petersen A, Fox JW & Silk JRD (2010). Tracking of Arctic terns Sterna paradisaea reveals longest animal migration. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States. Vol. 107: 2078-2081

  4. Fijn RC, Hiemstra D, Phillips RA & van der Winden J (2013). Arctic Terns Sterna paradisaea from The Netherlands migrate record distances across three oceans to Wilkes Land, East Antarctica. Ardea 101: 3–12

  5. Møller AP, Flensted-Jensen E & Mardal W (2006). Dispersal and climate change: a case study of the Arctic tern Sterna paradisaea. Global Change Biology, 12: 2005–2013

  6. Moore CC (2000). Movimentações invulgares de aves marinhas junto ao cabo Carvoeiro. Pardela 13: 7-10

  7. Birding Madeira (2014). Trip reports.