Garajau-de-bico-preto

Garajau-de-bico-preto

Espécie Marinha

Laridae

Thalasseus sandvicensis

Sandwich Tern

Fenologia no ContinenteInvernante e migrador de passagem

Fenologia na MadeiraMigrador de passagem

Fenologia nos AçoresAcidental

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

O garajau-de-bico-preto distribui-se preferencialmente pelas zonas costeiras do litoral, geralmente não se afastando para lá dos limites da plataforma continental. A maioria das aves presentes na costa continental portuguesa nidifica nas Ilhas Britânicas e no Mar do Norte, existindo todavia recapturas de aves de outras zonas de nidificação como as do Báltico e do Mar Negro[3]. Esta espécie nidifica ainda na costa atlântica de vários países da América do Norte e do Sul[4]. A migração pré-nupcial decorre entre março e junho, enquanto a migração pós-nupcial faz-se notar principalmente entre agosto e outubro. Nos arquipélagos da Madeira e dos Açores este garajau é observado ocasionalmente em áreas marinhas litorais como portos e marinas, sobretudo por altura da passagem migratória, e sempre em número reduzido[11][12][8].

Abundância e evolução populacional

É o membro da família Sternidae mais facilmente observável em Portugal Continental, sendo abundante como migrador de passagem em todo o litoral, embora a sua população invernante seja relativamente reduzida. Em janeiro de 1984 foram contados 488 indivíduos na costa portuguesa, dos quais 400 no estuário do Tejo[1]. Existem outras estimativas, com fundamentação desconhecida, que apontam para uma população invernante de cerca de 700 aves em Portugal[7][9]. Dados recentes, com base em censos a partir do litoral, realizados em 2009 a 2011, apontam para uma população invernante de 245 indivíduos na costa não estuarina continental[10]. Durante a passagem migratória, o garajau-de-bico-preto é muito mais abundante do que no inverno, podendo formar concentrações de mais de 1000 indivíduos em zonas húmidas litorais[5]. No entanto, não existem dados comparáveis que permitam avaliar a tendência populacional da espécie em território português. Nos últimos anos têm aumentado o número de registos desta espécie no arquipélago dos Açores[11][8].

Ecologia e habitat

É uma espécie de hábitos essencialmente costeiros. Ocorre preferencialmente em meio marinho, entrando amiúde também em zonas húmidas como estuários, lagoas costeiras, pisciculturas e salinas. No período migratório poderá ser esporadicamente encontrada em zonas húmidas interiores. Alimenta-se essencialmente de pequenos peixes[4].

Ameaças e conservação

Este garajau é particularmente vulnerável à perturbação humana nas colónias de reprodução[4]. A população europeia aparenta encontrar-se estável, apesar de ter sofrido declínios em alguns países[2]. A espécie poderá ser também sensível à perturbação por interação com torres de energia eólica no mar[6]. Nos territórios de invernada, na África Ocidental, é também alvo de captura intencional[13], o que poderá ter reflexo nas populações europeias. Não estão documentadas ameaças significativas para o garajau-de-bico-preto em águas portuguesas.

Referências

  1. Bermejo A, Carrera E, de Juana E & Teixeira AM (1986). Primer censo general de gaviotas y charranes (Laridae) invernantes en la Península Ibérica (Enero de 1984). Ardeola 33: 47–68

  2. BirdLife International (2004). Birds in Europe: population estimates, trends and conservation status. BirdLife International (BirdLife Conservation Series No. 12), Cambridge

  3. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  4. del Hoyo J, Elliot A & Sargatal J (eds.) (1996). Handbook of the birds of the world. Vol. 3. Lynx Edicions, Barcelona

  5. Farinha JC & Costa H (1999). Aves aquáticas de Portugal. Instituto de Conservação da Natureza, Lisboa

  6. Garthe S & Hüppop O (2004). Scaling possible adverse effects of marine wind farms on seabirds: developing and applying a vulnerability index. Journal of Applied Ecology 41(4): 724-734

  7. Møller AP (1981). The migration of European sandwich terns Sterna sandvicensis. II . Vogelwarte 31:149-168

  8. Relatórios do Comité Português de Raridades, ver Publicação – pág. 207

  9. Snow DW & Perrins CM (1998). The Birds of the Western Palearctic vol. 1: Non-Passerines. Oxford University Press. Oxford

  10. Projeto Arenaria (2014). Monitorização da distribuição e abundância de aves nas praias e costas de Portugal.

  11. Birding Azores (2014). Birding Azores database.

  12. Birding Madeira (2014). Trip reports.

  13. BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds.