Garajau-comum

Garajau-comum

Espécie Marinha

Laridae

Sterna hirundo

Common Tern

Fenologia no ContinenteEstival reprodutor e migrador de passagem

Fenologia na MadeiraEstival reprodutor

Fenologia nos AçoresEstival reprodutor

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

O garajau-comum cria de forma fragmentada em quase todo o hemisfério norte com a exceção do Ártico. Inverna nas costas da América do Sul, África, península Arábica, Índia, sudeste Asiático e Austrália[6]. Em Portugal Continental a espécie é rara e irregular como nidificante, mas frequente como migradora de passagem; nos Açores e na Madeira é comum como nidificante[9]. A sua época de nidificação decorre entre abril e agosto[4][16]. No Continente, a migração pré-nupcial decorre de meados de abril ao início de junho e a migração pós-nupcial verifica-se predominantemente a partir de agosto até meados de outubro[3]. Aqui, a maior parte das aves de passagem são oriundas das Ilhas Britânicas, do Mar do Norte e da Escandinávia[3]. As aves que nidificam nos Açores invernam nas costas sul-americanas[14], ao passo que as restantes populações europeias invernam nas costas africanas[5]. Existem casos de invernada nos Açores, contudo a origem dos escassos indivíduos observados é desconhecida.

Abundância e evolução populacional

Os Açores albergam a maior população de garajau-comum de Portugal. A espécie cria em todas as ilhas. Em 2003, a população reprodutora foi estimada num mínimo de 3456 casais, estando a maior colónia situada no ilhéu da Praia com cerca de 1200 casais[9]. A espécie nidifica na Madeira incluindo o Porto Santo, as Desertas e as Selvagens[9][19], suspeitando-se que possam existir escassas centenas de casais, sem que se conheçam estimativas precisas da população nidificante no arquipélago. Nas ilhas Selvagens, a população nidificante foi estimada em 30 a 60 casais em 1996[18], tendo sido anteriormente descrita como oscilando entre os cinco a seis casais[17]. Já em 2005 foram registados 38 adultos a nidificar e em 2010 foram contabilizadas apenas 25 aves voadoras, incluindo juvenis, sendo difícil estabelecer uma tendência populacional para o arquipélago[4]. No Continente, o garajau-comum nidifica de forma pontual e em números muito reduzidos nos estuários do Tejo e do Sado, provavelmente não chegando a uma dezena de casais[7][8][3].

Ecologia e habitat

O garajau-comum alimenta-se sobretudo de pequenos peixes pelágicos e, pelo menos nos Açores, também de peixes mesopelágicos [10], preferencialmente em águas calmas e em baías relativamente abrigadas[13]. Nos Açores e na Madeira as colónias são geralmente instaladas em falésias costeiras e em ilhéus, mas também em praias de areia ou calhaus[9]. Em Portugal Continental as tentativas de nidificação observadas decorreram em salinas e em pisciculturas[7].

Ameaças e conservação

Nos Açores e na Madeira a perturbação humana na área envolvente às colónias[12], e a presença de predadores naturais, como os estorninhos[15], e introduzidos, como os ratos[1], são as principais ameaças para a espécie. Nos Açores, a erradicação de mamíferos introduzidos é fundamental para a conservação da espécie[11][2][1].

Referências

  1. Amaral J, Almeida S, Sequeira M & Neves VC (2010). Black rat Rattus rattus eradication by trapping allows recovery of breeding roseate tern Sterna dougallii and common tern S. hirundo populations on Feno islet, the Azores, Portugal. Conservation Evidence 7:16-20

  2. Bried J, Magalhães M & Neves V (2009b). Aspectos da Ornitologia Marinha nos Açores. Boletim do Núcleo Cultural da Horta, 18: 61-83

  3. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  4. Catry P, Geraldes P, Pio JP & Almeida A (2010b). Aves marinhas da Selvagem Pequena e do Ilhéu de Fora: censos e notas, com destaque para a dieta da gaivota-de-patas-amarelas. Airo 20: 29-35

  5. Cramp S (1985). The birds of the Western Palearctic, Vol. IV . Oxford University Press, Oxford, New York

  6. del Hoyo J, Elliot A & Sargatal J (eds.) (1996). Handbook of the birds of the world. Vol. 3. Lynx Edicions, Barcelona

  7. Elias G & Leitão D (1992). A nidificação da Andorinha-do-mar-comum Sterna hirundo em Portugal Continental. Airo 3 (3): 86-88

  8. Elias G, Costa H, Moore CC & Franco C (2006b). As aves do Estuário do Sado. Reserva Natural do Estuário do Sado, Instituto de Conservação da Natureza, Setúbal

  9. Equipa Atlas (2008). Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005). Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Parque Natural da Madeira e Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Assírio & Alvim, Lisboa

  10. Granadeiro JP, Monteiro LR , Silva MC & Furness RW (2002). Diet of common terns in the Azores, Northeast Atlantic. Waterbirds 25: 149-155

  11. Meirinho A, Pitta Groz M & Silva AG (2003a). Proposta de Plano de Gestão da Zona de Protecção Especial Ilhéu da Praia. Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, Horta

  12. Monteiro LR , Ramos JA & Furness RW (1996a). Past and Present status and conservation of the seabirds breeding in the Azores. Biological Conservation 78: 319-328

  13. Monticelli D, Ramos JA & Pereira J (2006). Habitat use and foraging success of roseate and common terns in flocks in the Azores. Ardeola 53(2): 293-306

  14. Neves VC, Bremer RE & Hays H (2002). Recovery in Punta Rasa, Argentina of Common Terns banded in the Azores Archipelago, North Atlantic. Waterbirds 25: 459–461

  15. Neves VC, Panagiotakopoulos S & Ratcliffe N (2011b). Predation on roseate tern eggs by European starlings in the Azores. Arquipelago - Life and Marine Sciences 28: 15-23

  16. Pereira C (2010). Aves dos Açores. SPEA, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

  17. Zino F & Biscoito M (1994). Breeding seabirds in the Madeira archipelago. In Nettleship D, Burger J & Gochfeld M (eds.) Seabirds on islands. Threats, case studies and action plans. BirdLife International, Cambridge: 172-185

  18. Zino F, Biscoito M & Oliveira P (2000). Madeira. In Heath MF & Evans MI (eds.) Important Bird Areas in Europe: Priority sites for conservation. 2: Southern Europe. BirdLife International (BirdLife Conservation Series No. 8), Cambridge: 473-480

  19. Equipa Atlas (2013). Atlas das Aves do Arquipélago da Madeira.