Roque-de-castro

Roque-de-castro

Espécie Marinha

Hydrobatidae

Hydrobates castro

Band-rumped Storm-petrel

Fenologia no ContinenteReprodutor de inverno

Fenologia na MadeiraReprodutor de verão e de inverno

Fenologia nos AçoresReprodutor de inverno

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

O roque-de-castro distribui-se pelos oceanos Atlântico e Pacífico. Em Portugal, nidifica nos arquipélagos das Berlengas, dos Açores e da Madeira[3]. Existem duas populações com características morfológicas, períodos reprodutivos e vocalizações bastante distintas[7][8][9]. A nidificação da população de verão foi confirmada apenas no arquipélago da Madeira, em praticamente todas as ilhas e ilhéus[8][10]. A população de inverno é maior, conhecendo-se colónias no Farilhão Grande (Berlengas), nas ilhas e nos ilhéus da Madeira (incluindo o ilhéu do Farol, o Porto Santo, as Desertas e as Selvagens)[10], e dos Açores (Santa Maria, Graciosa, São Jorge, São Miguel, Flores e Corvo), embora nas últimas três ilhas a confirmação da nidificação tenha sido baseada em escutas noturnas[7][3]. A população de verão reproduz-se de março a outubro, ao passo que a de inverno nidifica entre setembro e fevereiro[4][8]. Esta espécie ocorre nas nossas águas ao longo do ano, não tendo, contudo, sido registada nos Açores, no verão. Neste arquipélago, ocorre também o painho-de-monteiro, e a dificuldade na distinção entre as duas espécies, em voo, leva-nos a assumir que os mapas produzidos possam incluir registos de ambas. Apesar de ocorrer em toda a ZEE, o número muito reduzido de observações a partir de terra[2] leva a crer que esta ave não se aproxima muito da costa.

Abundância e evolução populacional

No Continente, a nidificação do roque-de-castro está confinada ao Farilhão Grande. Aqui a população foi estimada em cerca de 200 a 400 casais em 1995[4], e em 102 a 210 casais em 2012[11], sugerindo um decréscimo que, na realidade, poder-se-á dever a diferenças metodológicas. A nidificação desta espécie noutros ilhéus das Berlengas é provável, continuando ainda por explorar. Nos Açores, as estimativas existentes sugerem uma população reprodutora de inverno de 665 a 740 casais[7], com suspeitas de estar em declínio. De notar, que todas estas estimativas têm uma margem de erro considerável, tendo em conta a dificuldade em recensear a espécie. Não existem estimativas precisas do tamanho das populações reprodutoras no arquipélago da Madeira.

Ecologia e habitat

Esta espécie tem um comportamento marcadamente pelágico [1]. A sua dieta é composta por crustáceos planctónicos, pequenos peixes e cefalópodes, podendo tirar partido dos restos deixados por outros predadores e das rejeições da pesca[1][6]. Nidifica em pequenas cavidades ou em fendas nas rochas em ilhas e ilhéus sem predadores, ou em cavidades de escarpas inacessíveis, onde predadores terrestres introduzidos estão presentes (as gaivotas também são predadoras).

Ameaças e conservação

A nível global, apesar do grande tamanho da população e da extensa área de distribuição, a espécie parece estar em declínio [12]. As principais ameaças identificadas em Portugal são a presença/introdução de predadores, o aumento da pressão por parte de predadores naturais e a perturbação humana[1][5].

Referências

  1. del Hoyo J, Elliott A & Sargatal J (eds.) (1992). Handbook of the birds of the world. Vol. 1. Lynx Edicions, Barcelona, Spain

  2. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia doTerritório Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  3. Equipa Atlas (2008). Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005). Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Parque Natural da Madeira e Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Assírio & Alvim, Lisboa

  4. Granadeiro JP, Grade N, Lecoq M, Morais L, Santos C & Silva MC (1998a). Breeding Madeiran Storm-petrels Oceanodroma castro on the Farilhões islands, Portugal. Proceedings of the IV Mediterranean Seabird Symposium: Seabird Ecology and Coastal Zone Management in the Mediterranean

  5. Matias R & Catry P (2010). The diet of Atlantic yellow-legged gulls (Larus michahellis atlantis) at an oceanic seabird colony: estimating predatory impact upon breeding petrels. European Journal of Wildlife Research 56: 861-869

  6. Monteiro LR , Ramos JA, Furness RW & Del Nevo A J (1996b). Movements, morphology, breeding, molt, diet and feeding of seabirds in the Azores. Colonial Waterbirds 19(1): 82-97

  7. Monteiro LR , Ramos JA, Pereira JC, Monteiro PR, Feio RS , Thompson DR , Bearshop S, Furness RW, Laranjo M, Hilton G, Neves VC, Groz MP & Thompson K R (1999). Status and distribution of Fea’s Petrel, Bulwer’s Petrel, Manx Shearwater, Little Shearwater and Band-rumped Storm-Petrel in the Azores Archipelago. Waterbirds 22(3): 358-366

  8. Nunes M (2000). Madeiran Storm-petrel in the Desertas Islands (Madeira Archipelago): a new case of two distinct populations breeding annually? Arquipélago. Life and Marine Sciences Supplement 2 (Part A): 175-180

  9. Robb M, Mullarney K & The Sound Approach (2008). Petrels Night & Day: A Sound Approach Guide. The Sound Approach, Dorset

  10. Equipa Atlas (2013). Atlas das Aves do Arquipélago da Madeira.

  11. Oliveira N, Mendes AR, Geraldes PL, Barros N, Andrade J & Ramírez I (2013). Monitorização da População de Roque-de-castro Oceanodroma castro do Farilhão Grande, Berlengas, 2011-2012. Relatório da Atividade 2, Projeto FAME. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa

  12. BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds.