Pilrito-das-praias

Pilrito-das-praias

Espécie Limícola

Scolopacidae

Calidris alba

Sanderling

Fenologia no ContinenteMigrador de passagem e invernante

Fenologia na MadeiraMigrador de passagem e invernante

Fenologia nos AçoresMigrador de passagem e invernante

Distribuição, movimentos e fenologia

O pilrito-das-praias nidifica exclusivamente no alto Ártico. Durante o inverno tem uma distribuição praticamente global, pelo litoral de todos os continentes (à exceção da Antártida) até às suas porções mais meridionais[2]. A espécie encontra-se ao longo da linha de costa de norte a sul do território continental português, embora rareie no sudoeste, provavelmente pela escassez de setores arenosos nesta região. Nos arquipélagos dos Açores e da Madeira este pilrito é pouco numeroso, provavelmente também devido à quase inexistência de praias arenosas. Frequenta ainda estuários e zonas lagunares costeiras junto ao litoral, mas está geralmente ausente de todo o interior do país. Os dados mais recentes disponíveis indicam que os pilritos-das-praias que ocorrem em Portugal, de passagem e no inverno, deverão ser sobretudo originários da Gronelândia e da ilha canadiana de Ellesmere[5]. Após a reprodução, as primeiras aves de passagem começam a aparecer no final de julho, com um forte fluxo em direção a África durante o verão. Os números nas nossas praias mantêm-se elevados ao longo do outono, inverno e início da primavera, decrescendo marcadamente só a partir de meados de maio. Mesmo em junho e julho permanecem em Portugal algumas aves não reprodutoras[1].

Abundância e evolução populacional

O censo do Projeto Arenaria[6] em 2009 a 2011 demonstrou que esta era a mais numerosa das limícolas invernantes nas praias marinhas do litoral continental. O número de invernantes na costa foi então estimado em cerca de 3000 indivíduos[4], ao passo que as zonas estuarinas e “rias” albergam um número que varia entre 500 e 1000 indivíduos[1]. É possível, contudo, que o total invernante em zonas estuarinas e lagunares costeiras esteja algo subestimado, visto que estes pilritos muitas vezes permanecem afastados dos grandes dormitórios de limícolas, passando despercebidos em pequenos refúgios de maré alta. Ao longo do Atlântico Oriental esta espécie tem apresentado uma tendência estável ou de crescimento[2]. Em Portugal não há informação fiável sobre a evolução da população invernante.

Ecologia e habitat

Na costa marinha continental, os pilritos-das-praias evitam zonas com muito baixa percentagem de sedimento arenoso[5], embora possam ocorrer e alimentar-se em substrato rochoso, como acontece amiúde por exemplo junto à foz do estuário do Tejo. Também parecem surgir com maior frequência no litoral de concelhos com maior presença humana, porventura em resultado de algum enriquecimento do meio por via da poluição orgânica[4]. Nos estuários e “rias” estes pilritos também preferem zonas mais arenosas e mesmo praias fluviais ou estuarinas com estreita faixa intermareal.

Ameaças e conservação

Não há informação de ameaças importantes com impacto na população invernante em Portugal. É no entanto de admitir que pontualmente a perturbação humana excessiva possa inviabilizar o uso de certas praias por parte da espécie

Referências

  1. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  2. Delany S, Dodman T, Stroud D & Scott D (2009). An atlas of wader population in Africa and western Eurasia. Wetlands International, Wageningen

  3. Lecoq M, Lourenço PM, Catry P, Andrade J & Granadeiro JP (2013). Wintering waders on the Portuguese mainland non-estuarine coast: results of the 2009-2011 survey. Wader Study Group Bull. 120: 66-70

  4. Lourenço PM, Catry P, Lecoq M, Ramírez I & Granadeiro JP (2013). The roles of disturbance, geology and other environmental factors in determining abundance and diversity in coastal avian communities during winter. Marine Ecology Progress Series 479: 223-234

  5. Reneerkens J, Benhoussa A, Boland H, Collier M, Grond K, Guenther K, Hallgrimsson GT, Hansen J, Meissner W, de Meulenaer B, Ntiamoa-Baidu Y, Piersma T, Poot M, van Roomen M, Summers RW, Tomkovich PS & Underhill LG (2009). Sanderlings using African–Eurasian flyways: a review of current knowledge. Wader Study Group Bull. 116: 2–20

  6. Projeto Arenaria (2014). Monitorização da distribuição e abundância de aves nas praias e costas de Portugal