Pardela-preta

Pardela-preta

Espécie Marinha

Procellariidae

Ardenna grisea

Sooty Shearwater

Fenologia no ContinenteMigrador de passagem

Fenologia na MadeiraMigrador de passagem

Fenologia nos AçoresMigrador de passagem

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

A espécie nidifica maioritariamente no Pacífico Sul, com algumas colónias no Atlântico Sul, nomeadamente nas Ilhas Falklands/Malvinas e em redor da Terra do Fogo[3], das quais deverão ser originários os indivíduos que ocorrem em Portugal. Após a época de reprodução, que se inicia em outubro e termina em abril, estas aves fazem grandes migrações em direção ao Atlântico Noroeste, para ali passarem o período não reprodutor e efetuarem a muda das penas[5]. A pardela-preta ocorre regularmente nas nossas águas entre julho e dezembro, sendo mais frequente de agosto a outubro[2], altura em que inicia a sua migração pré-nupcial em direção a sul. No Continente, frequenta sobretudo as águas da plataforma e do talude continentais. Uma pequena porção de indivíduos passa pelas nossas águas ainda durante a primavera[7], principalmente pelas águas continentais da ZEE. Esta espécie também ocorre com regularidade nos Açores[10] e na Madeira[11], sendo mais frequente na segunda metade do verão e na primeira do outono.

Abundância e evolução populacional

A população global é extraordinariamente grande, na ordem de vários milhões de casais[1], desconhecendo-se o tamanho da população que utiliza o Atlântico Norte durante o inverno austral. O registo mais relevante efetuado a partir de terra, no Continente, foi de 820 indivíduos em passagem em frente ao cabo Carvoeiro num único dia, em Outubro de 1999[6]. Não existem dados históricos de abundância ou de distribuição para as nossas águas que permitam fazer qualquer tipo de avaliação das tendências populacionais entre nós.

Ecologia e habitat

A pardela-preta é uma ave que ocorre essencialmente em águas pelágicas, apesar de não evitar de forma acentuada as zonas costeiras, como acontece com outras aves marinhas[2]. Alimenta-se de pequenos peixes, de cefalópodes e de crustáceos[3] e é frequentemente avistada em grupos mistos com outras aves marinhas. Algumas aves são atraídas pelos barcos de pesca, nomeadamente por arrastões e palangreiros [4].

Ameaças e conservação

Existem indícios de que a espécie poderá encontrar-se em declínio acentuado[12]. A principal causa poderá estar relacionada com as alterações climáticas e com mudanças na produtividade marinha [9]. Em algumas colónias, roedores de diversas espécies predam ovos e juvenis desta pardela, embora se desconheça o seu impacto[3]. Um fator de mortalidade não natural importante está relacionado com a captura acidental em artes de pesca, principalmente em redes de emalhar e de arrasto e em palangres[8][4].

Referências

  1. Brooke M (2004). Albatrosses and petrels across the world. Oxford University Press, Oxford, UK

  2. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  3. del Hoyo J, Elliott A & Sargatal J (eds.) (1992). Handbook of the birds of the world. Vol. 1. Lynx Edicions, Barcelona, Spain

  4. Favero M, Khatchikian CE, Arias A, Rodriguez MPS, Cañete G & Mariano-Jelicich R (2003). Estimates of seabird by-catch along the Patagonian Shelf by Argentine longline fishing vessels, 1999-2001. Bird Conservation International 13: 273-281

  5. Hedd A, Montevecchi W, Otley H, Phillips R & Fifield D (2012). Trans-equatorial migration and habitat use by sooty shearwaters Puffinus griseus from the South Atlantic during the nonbreeding season. Marine Ecology Progress Series Vol. 449: 277–290

  6. Moore CC (2000). Movimentações invulgares de aves marinhas junto ao cabo Carvoeiro. Pardela 13: 7-10

  7. Ramírez I, Geraldes P, Meirinho A, Amorim P & Paiva V (2008). Áreas Importantes para as Aves Marinhas em Portugal. Projecto LI FE04NAT/PT/000213 – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. Lisboa

  8. Uhlmann S (2003). Fisheries bycatch mortalities of sooty shearwaters (Puffinus griseus) and short-tailed shearwaters (P. tenuirostris). New Zeland Department of Conservation. Doc Science Internal Series 92

  9. Veit R, McGowan J, Ainley D, Wahl T & Pyle P (1997). Apex marine predator declines ninety percent in association with changing oceanic climate. Global Change Biology 3: 23-28

  10. Birding Azores (2014). Birding Azores database.

  11. Birding Madeira (2014). Trip reports.

  12. BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds.