Pardela-balear

Pardela-balear

Espécie Marinha

Procellariidae

Puffinus mauretanicus

Balearic Shearwater

Fenologia no ContinenteEstival, migrador de passagem e invernante

Fenologia na MadeiraAcidental

Fenologia nos AçoresAcidental

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

A pardela-balear nidifica apenas nas ilhas Baleares, Espanha. As primeiras aves chegam às colónias de reprodução em setembro, efetuando as posturas entre fevereiro e março, e os juvenis abandonam os ninhos em junho[8]. Durante o período não reprodutor, a espécie distribui-se pelas costas atlânticas, desde a Noruega até à costa noroeste africana, com destaque para as águas portuguesas[8][4], e no Mediterrâneo Ocidental. Ocorre ao longo de todo o ano na plataforma continental portuguesa, geralmente junto à costa. Durante o inverno e a primavera, a população não reprodutora que permanece nas nossas águas é reduzida e, segundo os dados obtidos poderá concentrar-se maioritariamente entre o Porto e a Nazaré e entre o cabo de São Vicente e o cabo de Santa Maria. A migração pós-nupcial, que decorre no verão, leva grande parte dos adultos reprodutores[4] e dos juvenis[8] até à costa ocidental de Portugal Continental, sendo conhecidas zonas de concentração desde a foz do Douro até à foz do Tejo[7][3], o que é comprovado pelos dados do presente atlas. No outono, com o início da migração pré-nupcial, a espécie volta a distribuir-se de forma mais equitativa por toda a costa continental.

Abundância e evolução populacional

As estimativas mais recentes da população de pardela-balear apontam para 25 000 a 30 000 indivíduos[1]. A população desta espécie tem vindo a sofrer uma redução acentuada, estimando-se um declínio anual de 7,4%[6]. Todavia existe uma considerável margem de incerteza tanto quanto ao real tamanho da população como quanto à taxa exata de declínio[9]. Como foi acima referido, a costa portuguesa é uma das principais áreas de invernada desta pardela[4]. Apesar de nas nossas águas a abundância da espécie não ser conhecida com detalhe, existem registos regulares de concentrações com várias centenas de indivíduos, por vezes chegando a escassos milhares. Na década de 1990, há a salientar registos de concentrações mais numerosas, como por exemplo cerca de 5000 indivíduos ao largo da foz do Tejo durante os meses de julho e agosto, 1500 indivíduos ao largo do Porto em julho, e de 11 000 indivíduos em passagem frente ao cabo Raso num dia de setembro[3].

Ecologia e habitat

A pardela-balear é uma ave costeira, não se afastando para lá da plataforma continental[8]. Reproduz-se em pequenos ilhéus e em falésias, podendo ainda instalar o ninho no solo. Esta espécie alimenta-se principalmente de pequenos peixes pelágicos (e.g. biqueirão e sardinha), de cefalópodes e de rejeições de embarcações de pesca[10]. Em Portugal já foi observada em grandes grupos a alimentar-se de galeotas[3].

Ameaças e conservação

Esta espécie é a ave marinha mais ameaçada da Europa, com uma tendência populacional muito desfavorável. As principais ameaças identificadas são a predação dos adultos por mamíferos introduzidos (e.g. gatos e roedores) e a captura acidental em artes de pesca[1]. Apesar de as capturas acidentais serem aparentemente irregulares, têm sido registados eventos de captura acidental de pardela-balear, principalmente em palangres [2] e em redes de cerco [5], havendo ocasiões em que mais de uma centena de aves foi capturada.

Referências

  1. Arcos JM (2011). International species action plan for the Balearic shearwater, Puffinus mauretanicus. SEO /BirdLife & BirdLife International

  2. Arcos JM & Oro D (2004). Pardela Balear (Puffinus mauretanicus) in Madroño A, González C & Atienza J C. (eds.) Libro Rojo de las Aves de España. Dirección General para la Biodiversidad-SEO /BirdLife, Madrid: 46-50

  3. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  4. Guilford T, Wynn R, McMinn M, Rodríguez A, Fayet A, Maurice L, Jones A & Meier (2012). Geolocators Reveal Migration and Pre-Breeding Behaviour of the Critically Endangered Balearic Shearwater Puffinus mauretanicus. PLoS ONE 7(3): e33753

  5. Oliveira N, Henriques A, Miodonski J, Pereira J, Marujo D, Almeida A, Barros N, Andrade J, Marçalo A, Santos J, Oliveira IB, Ferreira M, Araújo H, Monteiro S, Vingada J & Ramírez I (2015). Seabird bycatch in Portuguese mainland coastal fisheries: An assessment through on-board observations and fishermen interviews. Global Ecology and Conservation 3: 51–61

  6. Oro D, Aguilar, J S, Igual J M & Louzao M (2004). Modelling demography and extinction risk in the endangered Balearic shearwater. Biological Conservation 116: 93-102

  7. Poot M (2005). Large numbers of staging Balearic shearwaters Puffinus mauretanicus along the Lisbon coast, Portugal, during the post-breeding period, June 2004. Airo 15: 43-50

  8. Ruíz A & Martí R. (2004) La Pardela Balear. SEO/BirdLife-Conselleria deMedi Ambient del Govem de les Illes Balears, Madrid

  9. BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds.

  10. Navarro J, Louzao M, Igual J M, Oro D, Delgado A, Arcos J M, Genovart M, Hobson K A & Forero MG (2009). Seasonal changes in the diet of a critically endangered seabird and the importance of trawling discards. Marine Biology 156(12): 2571-2578.