Garajau-de-dorso-preto

Garajau-de-dorso-preto

Espécie Marinha

Laridae

Onychoprion fuscatus

Sooty Tern

Fenologia no ContinenteAcidental

Fenologia na MadeiraAcidental

Fenologia nos AçoresEstival reprodutor

Distribuição, movimentos e fenologia

O garajau-de-dorso-preto nidifica em ilhas situadas nas zonas tropicais e subtropicais dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico[4]. No Paleártico Ocidental a nidificação mais ou menos regular da espécie ocorre apenas nos Açores, em números extremamente reduzidos, representando o limite norte da área de distribuição da espécie. A sua nidificação ocorre com alguma regularidade apenas no ilhéu da Vila (Santa Maria), e irregularmente no ilhéu da Praia (Graciosa). Nos Açores a espécie está presente de finais de abril a inícios de setembro. Existem também registos de um indivíduo na Selvagem Pequena durante o período reprodutor[6][2], onde a nidificação chegou mesmo a ser confirmada em 1982[11]. Esta espécie é extremamente rara no Continente conhecendo-se apenas uma observação em 1988[3].

Abundância e evolução populacional

A presença do garajau-de-dorso-preto nos Açores é conhecida desde 1902[7], contudo a população nidificante aparenta nunca ter ultrapassado os dois casais em todo o arquipélago[1]. Atualmente existem um a dois casais no ilhéu da Vila, cuja reprodução nem sempre tem sucesso, e conhece-se desde 2004 a presença irregular de um casal reprodutor no ilhéu da Praia[5]. Desde 2004 até 2012 existiam diversas observações no ilhéu da Praia em quatro anos diferentes, com um máximo de dois indivíduos; sete no ilhéu da Vila em seis anos diferentes, não ultrapassando os quatro indivíduos; e três na Selvagem Pequena, em dois anos diferentes, sempre correspondendo a indivíduos isolados[10], fora do período reprodutor. No Continente não são conhecidos registos nos últimos anos.

Ecologia e habitat

A espécie cria em ilhas tropicais e subtropicais, onde faz ninho no solo em substrato de areia, rocha ou vegetação, normalmente em áreas planas. Este garajau tem hábitos marcadamente pelágicos fora da época de nidificação e evita zonas de correntes frias. A sua dieta consiste principalmente em pequenos peixes e lulas, podendo alimentar-se ocasionalmente de crustáceos, insetos e rejeições da pesca[4].

Ameaças e conservação

Os principais fatores de mortalidade potenciais para esta espécie no território nacional são a introdução de predadores exóticos nas áreas de nidificação, a perturbação humana e a predação por gaivotas e estorninhos. Atualmente não existem mamíferos introduzidos nos ilhéus da Praia e da Vila[8][9], mas é necessária uma monitorização regular destes ilhéus e a existência de planos de contingência em caso da entrada de espécies exóticas. A nível global, a introdução de espécies não nativas (ratos, gatos e formigas) é uma das principais ameaças às colónias deste garajau[4].

Referências

  1. Bried J, Magalhães M & Neves V (2009b). Aspectos da Ornitologia Marinha nos Açores. Boletim do Núcleo Cultural da Horta, 18: 61-83

  2. Catry P, Geraldes P, Pio JP & Almeida A (2010b). Aves marinhas da Selvagem Pequena e do Ilhéu de Fora: censos e notas, com destaque para a dieta da gaivota-de-patas-amarelas. Airo 20: 29-35

  3. Costa H, Bolton M, Catry P, Moore CC, Matias R, & Tomé R (2000b). Aves de ocorrência rara ou acidental em Portugal. Relatório do Comité Português de Raridades referente aos anos de 1997 e 1998. Pardela 11: 3-27

  4. del Hoyo J, Elliot A & Sargatal J (eds.) (1996). Handbook of the birds of the world. Vol. 3. Lynx Edicions, Barcelona

  5. Equipa Atlas (2008). Atlas das Aves Nidificantes em Portugal (1999-2005). Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Parque Natural da Madeira e Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Assírio & Alvim, Lisboa

  6. Jara J, Costa H, Elias G, Matias R, Moore CC & Tomé R (2007). Aves de ocorrência rara ou acidental em Portugal. Relatório do Comité Português de Raridades referente ao ano de 2005. Anuário Ornitológico 5: 1-34

  7. Hartert E, & Ogilvie-Grant WR (1905). On the birds of the Azores. Novitates Zoologicae XII : 80-128

  8. Meirinho A, Pitta Groz M & Silva AG (2003a). Proposta de Plano de Gestão da Zona de Protecção Especial Ilhéu da Praia. Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, Horta

  9. Meirinho A, Pitta Groz M, Silva AG & Bolton M (2003b). Proposta de Plano deGestão da Zona de Protecção Especial Ilhéu da Vila. Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, Horta

  10. Relatórios do Comité Português de Raridades, ver Publicação – pág. 207

  11. Roux F (1983). Présence et reproduction de Laridés nouveaux aux îles Salvages. L’Oiseau et la R.F.O. 53: 291-292