Calca-mar

Calca-mar

Espécie Marinha

Procellariidae

Pelagodroma marina

White-faced Storm-petrel

Fenologia no ContinenteAcidental

Fenologia na MadeiraEstival reprodutor

Fenologia nos AçoresAcidental

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

O calca-mar é uma espécie pelágica que nidifica em diversas ilhas dos oceanos Atlântico e Pacífico. As populações nidificantes no Atlântico Norte concentram-se nas ilhas Selvagens, existindo ainda uma população residual nas ilhas Canárias[1]. Os escassos indivíduos observados mais próximos do território continental, de agosto a outubro, deverão ser provenientes das colónias das ilhas Selvagens[3]. As poucas observações de calca-mar nos Açores têm sido efetuadas no verão e no Outono[9][8]. No arquipélago da Madeira a espécie parece ser comum em toda a ZEE. A distribuição apresentada para o verão poderá estar incompleta devido a falhas de cobertura. No outono, a espécie parece ausentar-se das águas madeirenses, existindo um número muito reduzido de observações efetuadas no âmbito do presente atlas.

Abundância e evolução populacional

Num estudo recentemente efetuado na Selvagem Pequena e no ilhéu de Fora, suspeita-se que a população nidificante nestas duas ilhas poderá ascender a 62 550 casais[4], embora estes autores refiram a necessidade de efetuar estudos complementares de forma a confirmar o tamanho real da população naqueles locais. Estes valores contrastam com os 25 000 casais da estimativa anterior [7], sugerindo que é na Selvagem Pequena que se encontra a maior colónia da espécie em Portugal, e não na Selvagem Grande onde, em 1996, nidificavam cerca de 36 000 casais[2].

Ecologia e habitat

Esta espécie é exclusivamente pelágica. Por essa razão, e em virtude de as suas colónias serem muito afastadas das ilhas principais e do Continente, não existem observações a partir de terra. Alimenta-se essencialmente de crustáceos planctónicos, de pequenos peixes e de cefalópodes[5]. Tem um voo muito peculiar batendo regularmente com as patas na água, parecendo que calca o mar. Escava o ninho em solo arenoso, normalmente em colónias muito densas. Visita as colónias apenas durante a noite, no período de reprodução, que decorre de janeiro a agosto.

Ameaças e conservação

Globalmente suspeita-se que a população desta espécie possa estar em declínio[10]. As colónias portuguesas não parecem sofrer ameaças relevantes na atualidade. Até ao início da década de 2000, a predação por ratos-domésticos contribuía significativamente para o insucesso reprodutor na colónia da Selvagem Grande[2]. Entretanto, em 2002, foi efetuada com sucesso a erradicação dos ratos-domésticos nesta ilha. A predação por gaivotas poderá potencialmente vir a ter impacto sobre a espécie[6]. O efeito da atração pelas luzes de embarcações fundeadas próximo das colónias desta espécie está ainda por estudar, desconhecendo-se a importância desta fonte artificial de mortalidade. A nível global, as principais ameaças às suas colónias talvez sejam os mamíferos introduzidos (ratos, ratazanas, gatos, etc.) que podem ter grande impacto localmente, através da predação de ovos, de crias e de aves adultas. O pisoteio dos ninhos por pessoas ou por gado pode ter também bastante impacto[5].

Referências

  1. BirdLife International (2004). Birds in Europe: population estimates, trends and conservation status. BirdLife International (BirdLife Conservation Series No. 12), Cambridge

  2. Campos A & Granadeiro JP (1999). Breeding Biology of White–faced Storm-Petrel Pelagodroma marina in Selvagem Grande Island, Noth-east Atlantic. Waterbirds 22: 199-206

  3. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  4. Catry P, Geraldes P, Pio JP & Almeida A (2010b). Aves marinhas da Selvagem Pequena e do Ilhéu de Fora: censos e notas, com destaque para a dieta da gaivota-de-patas-amarelas. Airo 20: 29-35

  5. del Hoyo J, Elliott A & Sargatal J (eds.) (1992). Handbook of the birds of the world. Vol. 1. Lynx Edicions, Barcelona, Spain

  6. Matias R & Catry P (2010). The diet of Atlantic yellow-legged gulls (Larus michahellis atlantis) at an oceanic seabird colony: estimating predatory impact upon breeding petrels. European Journal of Wildlife Research 56: 861-869 Oliveira P (1999). A conservação e gestão das aves do arquipélago da Madeira. Parque Natural da Madeira

  7. Oliveira P (1999). A conservação e gestão das aves do arquipélago da Madeira. Parque Natural da Madeira

  8. Relatórios do Comité Português de Raridades, ver Publicação – pág. 207

  9. Birding Azores (2014). Birding Azores database.

  10. BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds.