Borrelho-grande-de-coleira

Borrelho-grande-de-coleira

Espécie Limícola

Charadriidae

Charadrius hiaticula

Common Ringed Plover

Fenologia no ContinenteMigrador de passagem e invernante

Fenologia na MadeiraMigrador de passagem e invernante

Fenologia nos AçoresMigrador de passagem e invernante

Distribuição, movimentos e fenologia

A área de reprodução desta pequena limícola é predominantemente ártica (do nordeste do Canadá para leste, até à Sibéria Oriental), embora se estenda para zonas temperadas, nomeadamente na Europa Ocidental[3]. Em Portugal, é provável que ocorram aves originárias da maior parte das zonas de reprodução, embora este assunto não esteja convenientemente estudado. Durante as passagens migratórias, deverão predominar as aves do Ártico, que invernam sobretudo em África, ao passo que de inverno é expectável que surjam mais aves nidificantes na Europa temperada e fria[3][1]. As passagens são pronunciadas durante o verão e início do outono, sendo menos evidentes na primavera[1]. Em Portugal, o borrelho-grande-de-coleira é mais frequente e abundante em zonas estuarinas ou lagunares costeiras, mas também surge, ainda que em menor número, ao longo do litoral marinho aberto ao oceano, desde o Minho ao Algarve.

Abundância e evolução populacional

O número de borrelhos-grandes-de-coleira que passam ou param em Portugal durante as migrações é desconhecido. Em janeiro, a população presente em Portugal tipicamente conta com cerca de 3000 a 5000 indivíduos[1], dos quais apenas cerca de 300 se encontram nas praias arenosas e rochosas[5]. Em linhas muito gerais, a população invernante em Portugal parece ter apresentado alguma estabilidade ao longo das últimas décadas[1].

Ecologia e habitat

Os borrelhos-grandes-de-coleira exibem uma preferência marcada por invernar em sistemas lagunares costeiros, como a Ria Formosa (principal área de invernada no nosso país) ou a Ria de Aveiro, ou em estuários como os do Tejo e do Sado, entre outros. Nestas zonas ocorrem predominantemente em setores com sedimentos arenosos, e menos nas zonas de vasa[7][4]. Na costa marinha, aparecem associados a setores costeiros com substratos diversificados, onde zonas com lajes rochosas se alternam com praias de areia[6]. A dieta consiste em pequenos invertebrados marinhos[2], mas nunca foi estudada em detalhe no nosso país.

Ameaças e conservação

Atualmente, não são conhecidas ameaças significativas para esta espécie em Portugal.

Referências

  1. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  2. Cramp S & Simmons KEL (eds.) (1983). The birds of Western Palearctic, Vol. III. Oxford University Press, Oxford, New York

  3. Delany S, Dodman T, Stroud D & Scott D (2009). An atlas of wader population in Africa and western Eurasia. Wetlands International, Wageningen

  4. Granadeiro JP, Andrade J & Palmeirim JM (2004). Modeling the distribution of shorebirds in estuarine areas using generalised additive models. Journal of Sea Research 52: 227-240

  5. Lecoq M, Lourenço PM, Catry P, Andrade J & Granadeiro JP (2013). Wintering waders on the Portuguese mainland non-estuarine coast: results of the 2009-2011 survey. Wader Study Group Bull. 120: 66-70

  6. Lourenço PM, Catry P, Lecoq M, Ramírez I & Granadeiro JP (2013). The roles of disturbance, geology and other environmental factors in determining abundance and diversity in coastal avian communities during winter. Marine Ecology Progress Series 479: 223-234

  7. Moreira F (1993). Macrohabitat selection by waders in the Tagus estuary (Portugal). Portugaliae Zoologica 2: 1-15