Alcaide

Alcaide

Espécie Marinha

Stercorariidae

Catharacta skua

Great Skua

Fenologia no ContinenteMigrador de passagem e invernante

Fenologia na MadeiraMigrador de passagem

Fenologia nos AçoresMigrador de passagem e invernante

Frequência de ocorrência

Continente

Madeira

Açores

Distribuição, movimentos e fenologia

O alcaide nidifica na Escócia, na Islândia e nas Ilhas Féroe, com poucas centenas de casais na Noruega e na Rússia[4]. Inverna ao largo das costas francesas, ibéricas, da África Ocidental e, em menor escala, nos Grandes Bancos da Terra Nova[7]. Alguns indivíduos, principalmente juvenis, podem ainda alcançar o norte do Brasil[4][5]. Pode ser observado durante todo o ano ao largo da costa continental portuguesa, em especial no outono e no inverno. Nesta última estação, concentra-se ao largo de algumas zonas estuarinas como a Ria de Aveiro, a Ria Formosa e o estuário do Tejo que, curiosamente, são as mesmas zonas onde a gaivota-d’asa-escura, da qual rouba alimento com frequência, se concentra. É uma espécie pouco frequente nos arquipélagos, ainda que ali ocorra de forma regular. Nos Açores, observa-se geralmente entre outubro e fevereiro[9], o que pode indiciar a presença de uma pequena população invernante. Na Madeira é mais notado durante a migração pós-nupcial, entre o final de julho e o início de novembro, parecendo ser mais frequente em setembro e em outubro, observando-se esporadicamente durante o inverno[10].

Abundância e evolução populacional

No inverno, é o moleiro mais abundante nas águas do Continente[2]. É uma espécie relativamente rara nos arquipélagos, sendo mais escassa na Madeira que nos Açores. Os poucos registos de inverno na Madeira poderão não refletir o real estatuto da espécie nesta época. A plataforma continental portuguesa, parece ter uma grande importância para o alcaide no final do outono e no inverno[2]. Contagens sistemáticas efetuadas no cabo de São Vicente, entre 2011 e 2013, revelaram que mais de 3700 indivíduos (cerca de 7% da população mundial) poderão passar pela área anualmente durante a migração pós-nupcial[6]. Em Portugal, era muito raro no início do século XX, tendo aumentado bastante desde então, provavelmente devido à recuperação das populações escocesas de onde são oriundos grande parte dos alcaides que ocorrem nas nossas costas[2].

Ecologia e habitat

É uma espécie pelágica que frequenta principalmente as águas da plataforma continental, podendo encontrar-se um pouco além desta, sobretudo no verão. A partir de terra, a sua observação é mais provável desde promontórios. Tem uma dieta diversificada, obtendo o alimento de forma oportunística, seguindo, por exemplo, embarcações de pesca[8]. Persegue com frequência outras aves marinhas para lhes roubar alimento. As vítimas na nossa costa são sobretudo gaivotas-d’asa-escura e gaivotas-de-patas-amarelas, mas também alcatrazes, cagarras e garajaus[2]. Reproduz-se semi-colonialmente, de maio a julho, sendo altamente territorial.

Ameaças e conservação

A população mundial do alcaide aumentou nas últimas décadas, em parte como consequência da maior abundância de alimento resultante da atividade pesqueira, mas também devido à implementação de medidas de conservação em algumas áreas de reprodução[3][1][11]. Embora em Portugal não sejam conhecidas ameaças importantes, há suspeitas de que as redes de emalhar e os palangres possam causar mortalidade relevante nesta espécie[2].

Referências

  1. BirdLife International (2004). Birds in Europe: population estimates, trends and conservation status. BirdLife International (BirdLife Conservation Series No. 12), Cambridge

  2. Catry P, Costa H, Elias G & Matias R (2010a). Aves de Portugal, Ornitologia do Território Continental. Assírio e Alvim, Lisboa

  3. Cramp S (1985). The birds of the Western Palearctic, Vol. IV . Oxford University Press, Oxford, New York

  4. del Hoyo J, Elliot A & Sargatal J (eds.) (1996). Handbook of the birds of the world. Vol. 3. Lynx Edicions, Barcelona

  5. Furness RW, Crane JE, Bearhop S, Garthe S, Käkelä A, Käkelä R, Kelly A, Kubetzki U, Votier SC & Waldron S (2006). Techniques to link migration patterns of seabirds with diet specialization, condition and breeding performance. Ardea 94: 631–638

  6. Leitão AH, Canário F, Pires N & Tomé R (2014). A importância do Cabo de S. Vicente (Sagres, Sudoeste de Portugal) como corredor migratório para aves marinhas. In SPEA (eds). Livro de resumos do VIII congresso de ornitologia da SPEA (1.ª edição). Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa

  7. Magnusdottir E, Leat EH K, Bourgeon S, Strøm H, Petersen A, Phillips R, Hanssen SA, Bustnes JO, Hersteinsson P & Furness RW (2012). Wintering areas of Great Skuas Stercorarius skua breeding in Scotland, Iceland and Norway. Bird Study 59 (1). 1-9

  8. Valeiras J (2003). Attendance of scavenging seabirds at trawler discards off Galicia, Spain. Scientia Marina 67 (Suppl. 2): 77-82

  9. Birding Azores (2014). Birding Azores database.

  10. Birding Madeira (2014). Trip reports.

  11. BirdLife International (2014). IUCN Red List for birds.